ENTRE DOIS MUNDOS
Já não há jardins ensolarados,
nem pastagens caladas,
só há as margens de uma gente
tratada como antigos selvagens.
São monstros, são desperdícios
sem futuro alimentado, são vícios,
que sem idéias são levados ao vento.
São pessoas amontoadas,
em precipício, nenhum intento.
São pessoas presas em concreto,
vivendo nesta vida o incerto,
como se do rei fosse um decreto,
para ums jornada sem um acerto.
São Marias, são Joãos de lá,
da Bahia, de São Paulo escondido,
homens e mulheres vivem cá,
supreendido cá pelas coisas que viviam lá.
São pessoas nos pingentes,
são gente,
sem face e sem documento.
OBSERVAÇÕES. Edinaldo Formiga. São Paulo: 24/08/10.