SOU MATUTA ATÉ MORRER

Se me chamam de matuta

vou lhes dizer meu patrão

sou grata de coração

com esse meu jeito bruto

se ser assim for matuto

sem ter roubo, nem ladrão

vivo com honestidade

vendo a criação crescer

lhes digo com todo orgulho

sou matuta até morrer

não gosto de conversinha

também de disse me disse

pode parecer tolice

mas isso não é coisa minha

sou criadora de galinha

de santa inês e boher

e aquilo que eu disser

não tem essa de embrulho

lhe digo com todo orgulho

sou matuta até morrer

gosto de dormir bem cedo

levantar de madrugada

com o vôo da passarada

quase pousando em meu dedo

não sou chegada a segredo

nem gosto de aparecer

meu livro aberto se lê

como o sol do mes de julho

lhe digo com todo orgulho

sou matuta até morrer

eu gosto da plantação

ver o cultivo da terra

de plantar no pé da serra

a fava, o milho e o feijão

se tenho calo na mão

è que tive que fazer

pra meninada aprender

a remover o entulho

lhe digo com todo orgulho

sou matuta até morrer.

Dalvalene Santos

Dalvalene Poetisa
Enviado por Dalvalene Poetisa em 07/08/2010
Código do texto: T2424663