Sinais Profundos.
São eles as marcas que invariavelmente demarcam tempo vivido,
angustiantes faces sem mudança ficariam sem alçar lembrança.
Os vincos marcantes carregam consigo momentos felizes ou conflitantes,
portanto possui-los, enriquecem vivencia denotada no diferenciar da aparência.
Mãos habilidosas... artistas do bisturi deixem-os ficar,
pois adornam com coerência... este corpo de longa existência.
É a identidade viva, no trocar de imagem ao comemorarem data festiva,
no empilhar dos cardinais dando suporte a já acentuados sinais.
Não caiam na tentação de ir ao caminho do desvirtuar da feição,
em reencontro tardio, decepção ao deparar com face que apresenta evolução.
Porque quem está com o retoque é quem trará o maior choque,
o esperado seria a imagem de um corpo que ao tempo se curvaria.
O maquiar tecnológico que busca inverter data e retroagir do relógio,
simplesmente os diferencia dos demais... levando-te a aparências superficiais.
Apoie-se na naturalidade, que é o envelhecer com dignidade,
não deixe que o espelho reporte peso que a mente não suporte.
Curve-se ao envelhecimento, é o momento de reflexão e não de auto compaixão,
não se deixe iludir que sem os sinais profundos estaria liberto do ir-se de modo temporão.
O enfraquecer-se é fato real, não há como ludibriar tempo com magia do embaralhar,
portanto este rosto com um imaginário jovial... já não mais tem o suporte emocional.
Abraão Leite Sampaio.
Obra publicada através de concuso literário:
No livro "Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos" - Volume - 70.
CBJE - BR LETRAS