QUEM VAI AO AR/ PERDE O LUGAR
Chegava sempre à noitinha
só lorotas prá contar,
a viola, vinha de arrasto,
e o resto, prá se hospedar
Jogava fora os arreios,
e debochava das lidas,
fanfarroneava à lá fresca,
sombra buena e raparigas
Estradeiro destas bandas
nestas rondas de andar,
aqui , encilhava mágoas,
entristecia o hospedar.
Andarengo, desta feita,
vai levar um susto, sério
entranhos ventos banderam
prá meus mates, outro gaudério.
Aconchegada ao parceiro
despertei restos de amor
e encurtei minha estrada
pros braços do pajador.
A mágoa que tu deixavas,
transformou-se em cantoria,
e a presença do amor
me cincha qual ventania.
Aconchegada a este guapo,
vou gargalhar, em sua frente:
-"Foi ao ar/perdeu lugar
o amor chegou de repente,"!
E, uma lua assanhada,
namora os meus segredos
vendo este amor enredado,
no macio dos meus pelegos.-
Do livro XIRUA- 1984
Marilene Garcia (xirua)