Só sei do que não lembro

Só sei que, sem necessidade

Saltamos somente com a sorte

Contei, atrasei e repensei

A cada ano que passa, mais próximos da morte

Sejamos, harmonicamente, uma sociedade

Que se importa, ironicamente, com a liberdade

De trancar, quem quer que seja, sem igualdade

Dando a todos tudo, menos, felicidade

Por mais que enxergamos que há outros com menos

Pensamos ser quem nós nunca seremos

Seres humanos, irracionalmente terrenos

Terráqueos iludidos com ideais serenos

A força do sangue que pulsa em nossas veias

Velhas lembranças de um futuro que virou teias

Detendo tudo de bom que anseias

Marinheiros apaixonados pelas mesmas sereias

Nunca é pouco, tampouco, é demais

Desistir, se atrasar, se jogar, jamais

Anos e anos zapeando pelos canais

Sempre assistindo aos mesmos comerciais

Nessa novela da vida real não há encenação

Por quantas e quantas vezes queríamos que fosse ficção

Várias existências sem nenhuma emoção

Se ocupando com tão pouco e nenhuma evolução

Se de tudo o que escrevo algo fosse valioso

Todas as frases teriam um significado frondoso

Porém, escrevo as palavras em formato jocoso

Quem as lê saboreia um prazer doloroso