Leal, Reinaldo Leal.
Sorvo um gole de amargo
ao pé de um fogo de chão,
o silêncio de um galpão
me torna sentimental
a memória é material
que mesclo a inspiração,
relembro com emoção
Reinaldo da Costa Leal.
Abençoado pelo senhor
na hora do nascimento,
sendo o poncho do talento
seu agasalho primeiro.
O mundo foi seu parceiro
e a música sua identidade,
com acordes de liberdade
no ofício de ser gaiteiro.
Que abria o fole da gaita
num ato de fidalguia,
com teclado e baixaria
acariciados pelas mãos.
Fazendo dessa união
um casamento perfeito,
sentindo dentro do peito
o pulsar de um coração.
Apelido “Chuchu da Gaita”.
Percorreu várias querências.
Sem nunca perder a essência
dos que vem para tocar.
Deixando em cada lugar
que compôs sua trajetória,
um pedaço da sua história
e momentos a recordar.
Quando Deus buscou seu pai
Pra despedida da vida,
Teve a noite mais comprida
Vivendo um triste momento.
Com lágrimas de sofrimento
Tocou uma noite inteira
Polca, bugio e vaneira
Com ele no pensamento.
Leu a bíblia por três vezes
não se rendendo á fracassos.
Fez do ensinamento compasso
pra marcar seus novos dias
buscou em suas melodias
expressar seus sentimentos
com tons que dão acalentos
e vida a almas vazias.
No palco da sua vida
um dia a luz se apagou,
a gaita então se fechou
e o tocador foi embora.
Restando somente agora
falar à posteridade,
do tamanho da saudade
de um artista de outrora.
Foi “leal” a sua terra,
foi “leal” a sua família.
Por isso sua estrela brilha
ao escurecer no espaço.
Parece que vejo seu braço
num aceno de alegria
fazendo a maior folia
lá em cima, num gaitaço.
* Poesia vencedora do "Festival de poesia Reinaldo Leal"
2009. Festival esse que acontece no rodeio de Triunfo e que teve nesse ano tema livre, por isso, resolvi homenagear o saudoso artista que dá nome ao evento.