Peão, familia,peão.

Nem bem clareia o dia

pro galpão vou me chegando

tenho fé num dia bueno

com a parceira me ajudando

ouço o grito de um galito

lá no puleiro cantando

enquanto a criançada

devagar vai se acordando.

Já quase chiou a água

para um mate ser cevado

relincham a égua rosilha

e o cavalo tostado

um da pata machucada

é o primeiro a ser tratado

me cuido no abrir a porta

do cuiudinho gateado.

Éssa lida bem campeira

é coisa flor de especial

ma sinto um rei nos arreio

pois sou ginete bagual

na baia o potro picaço

lambe uma pedra de sal

e um "marreco assanhado"

grita lá no meu quintal.

A bóia já está nos cochos

e os bichos se alimentando

eu sento com a minha prenda

e o chimarrão vamos tomando

ela me mostra o desenho

do rancho que estamos sonhando

e partimos pra "la buta"

bem juntinhos nos amando.

Trabalho de sol a sol

peleio mas não me rendo

limpo chão, tiro pasto

ligeiro quase correndo

as vezes ao meio dia

com a "canha" vou me benzendo

pois sou um filho de Deus

que ama o que está fazendo.

A tarde, encilho uma colorada

especial de montaria

ligeira como uma gata

fugindo da chuva fria

a noite, rente do fogo

eu me encho de alegria

quando péga a chegar gente

minha fiel parceria.

É bem assim no Rio Grande

pra quem conhece a lida

das coisas simples da terra

se tira a essência da vida

de uma familia buenacha

humilde, simples e agerrida

que luta com honestidade

vive e trabalha unida.

* Homenagem ao amigo Marcelo Felten, sua esposa Alessandra e seus filhos Bruno e Lívia - Hotelaria Mate Amargo - Piedade - Tiunfo.

* Também a outro grande amigo, Valdair do Amaral Machado, o "marreco assanhado" dessa poesia.

Tabajar Carvalho
Enviado por Tabajar Carvalho em 07/04/2010
Reeditado em 12/04/2010
Código do texto: T2183299