PEÁLO CABORTEIRO
Meditava o gaudério solitário
na noite fria junto ao fogo no galpão,
e sorvento um amargo de erva buena,
ouvindo o crepitar das labaredas no tição
enquanto o vento açoitava o arvoredo,
fazendo éco na cumieira e no oitão.
No silêncio daquela madrugada
seu pensamento repousava no passado,
quando viveu feliz e ao seu lado
a prenda linda flor do seu afago,
que partiu sem deixar nenhum recado,
saiu sem rumo, a campear um outro pago.
O Taura não entendia o destino traiçoeiro
que tirou aquela flor do seu convívio,
e seu pensamento taciturno perguntava,
o que fiz eu para merecer esse castigo,
sempre fui honesto, honrado e altivo,
hoje sou triste, descrente e sózinho...
No entanto sua fibra de aragano,
sustentava o seu vulto altaneiro,
e ao recordar da sua amada, entristecido,
remontava sua vida de campeiro
que deixou-se levar pela confiança
enredando-se nesse peálo caborteiro...