PEÁLO CABORTEIRO

Meditava o gaudério solitário

na noite fria junto ao fogo no galpão,

e sorvento um amargo de erva buena,

ouvindo o crepitar das labaredas no tição

enquanto o vento açoitava o arvoredo,

fazendo éco na cumieira e no oitão.

No silêncio daquela madrugada

seu pensamento repousava no passado,

quando viveu feliz e ao seu lado

a prenda linda flor do seu afago,

que partiu sem deixar nenhum recado,

saiu sem rumo, a campear um outro pago.

O Taura não entendia o destino traiçoeiro

que tirou aquela flor do seu convívio,

e seu pensamento taciturno perguntava,

o que fiz eu para merecer esse castigo,

sempre fui honesto, honrado e altivo,

hoje sou triste, descrente e sózinho...

No entanto sua fibra de aragano,

sustentava o seu vulto altaneiro,

e ao recordar da sua amada, entristecido,

remontava sua vida de campeiro

que deixou-se levar pela confiança

enredando-se nesse peálo caborteiro...

gauchodiniz
Enviado por gauchodiniz em 01/12/2009
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