Ser da Terra
Nas terras de Estado forte... Mudei o rumo do coração...
Abrigo o laço querido... Aguardo o tapar dos olhos... Ou o chiar da chaleira amiga...
O peito vive correndo... Nas raias da tradição...
Tenho nas pernas contornos... Nas saias, a perdição.
O vento minuano querido... O frio a cortar a face delicada...
As mãos que seguram o laço, de um potro em desequilíbrio...
Já vi o nascer do gado... Do corte, que não me agrada...
Da lenha aquecendo a chama... Das voltas do laço de fita.
Rodo mundo pequenino... Semeio a terra que chora...
Tenho as lembranças amargas... Tão doces do som da viola.
Rodo o vestido de prenda... Rodo a dança do ventre... Sou 'cigana'... Sou gaúcha... Do nato espanhol que me escorre pelas veias...
Sinto a magia do campo... Sorriso, ao banhar-me nua...
Perdida na natureza, em pele, desejos.
Sou gaúcha... Da índia que enfeitou os meus cabelos...
Da beleza portuguesa, junto cada gesto nobre... Dos negros quadriz em força, gana de equilíbrio... Do alemão dialeto, a força do argumento...
Sou gaúcha... Da pérola mais seleta...
Das pétalas que se desdobram... Da macia gentileza... Do sorriso inocente... Do gosto e cheiro de canela...
Mas, Peão de pensamento mole... Cuidado com o rabisco...
Guapo sem compromisso não me venhas com churumelas...
Disso tudo não tenho tato...
Já lanço o facão... E abrando qualquer briga...
Sou a tua bela flor... Mas, também sou a mais ardida urtiga...
(rsrsrs... Meu carinho às prendas do Recanto... Ao meu Rio Grande querido... Ao amargo chimarrão.)
18:22