ANTIGAMENTE

antigamente

amanhã bem cedo vou encilhar o cavalo

claro que é do passado que falo

são meio século de história

quando inté nem havia televisão

e as cousas daquela ocasião

estão gravado na minha memoria

morávamos la donde o diabo perdeu as botas

bem nos cafundós das grotas

nem se ouvia falar em luz elétrica

era um lugar pra lá de calmo

se media tudo em braças ou palmo

não havia metro ou fita métrica

pra cortar lenha se usava o destorceador

fui ajudante de aramador

fazer cerca bem parelha

também fui aprendiz de carreteiro

pescador, ginete fui tropeiro

e muim guapo tosador de ovelha

mas na hora do merecido sossego

estendia na grama os pelego

para dar descanso ao esqueleto

de madrugada pro fogo do chão

juntava lenha e um tição

lascas de anjico e metia-lhe graveto

dançando ao compasso da valsa

puxando paus e fazendo balsa

isso era trabalho de macho

pois muita força emana

pra itaqui são borja e uruguaiana

descendo uruguai a baixo

engordando porco criando galinha

contrabandeando farinha

lá do lado de corrientes

rezando e benzendo tormentas

convivendo com secas violentas

ou então enfrentando as enchentes

hoje tudo isso é passado

o mundo véio ta mudado

só se fala em ecologia

trangênicos e agrobisnes

já não se houve o cantar dos cisnes

não mais existe paca tatu e cotias

também acabou-se os lindos laranjais

saudade das sombras dos pauferrais

cadê os bailes da vizinhança

e grandes comércios de carreiras

tudo aquilo levou-se a casqueira

hoje só esiste guardado na lembrança.

escrito em 07/10/2009 por

vainer de ávila

Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 07/10/2009
Código do texto: T1852548
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