Gostaria
- de beijar todas as manhãs perdidas em lamentações
descabidas
- de escrever poesia com a sensibilidade de Drummond, a simplicidade de Coralina e a inspiração de Cecília
- de atear fogo aos manuscritos que alojados na memória me perseguem com felicidades suicidas
- de reaver a pureza que, um dia, tudo fiz para perder
- de abraçar meu pai em vida e dizer-lhe do amor guardado e extravasado à despedida
- de acordar sorrindo como quem ouve a mesma piada
tantas vezes recontada, mas que o semblante alivia
- de reivindicar aos céus um pouco do azul e sair feliz
assoviando um blues com a naturalidade de quem tudo
conquista.