Gostaria

- de beijar todas as manhãs perdidas em lamentações

descabidas

- de escrever poesia com a sensibilidade de Drummond, a simplicidade de Coralina e a inspiração de Cecília

- de atear fogo aos manuscritos que alojados na memória me perseguem com felicidades suicidas

- de reaver a pureza que, um dia, tudo fiz para perder

- de abraçar meu pai em vida e dizer-lhe do amor guardado e extravasado à despedida

- de acordar sorrindo como quem ouve a mesma piada

tantas vezes recontada, mas que o semblante alivia

- de reivindicar aos céus um pouco do azul e sair feliz

assoviando um blues com a naturalidade de quem tudo

conquista.

Mário Massari
Enviado por Mário Massari em 18/09/2009
Reeditado em 22/10/2010
Código do texto: T1817638