Anjos

Estrada, velha estrada,
Quantos tu viste passar
Na longa estrada da vida,
Crianças deitadas no chão

Ventania, breve ventania,
Quantas árvores derrubastes,
E no frio seu sopro sereno,
Levanta o papelão de um corpo pequeno.

Ira, rebeldia,
Nos olhos nus de sabedoria,
Instintivamente o sangue derrama,
Por um pingo de luz em sua cama.

Talento acorrentado,
As circunstâncias da vida,
Os olhos fechados se negam
A enxergar suas feridas.

Criança nua,
Seus corpos,
Suas mentes pedem,
Lembranças de suas amarguras.





Antonio C Almeida