Num pequeno luzeiro

Num luzeiro pequeno ao longe

no breu do campo se via.

Um galpão de mangueira e palanque

pela frente.

Fumaça se discipando pelo ar,

um ginete talvez fugido da banda

oriental passa o seus segredos

por as bocas de redomões caborteiros.

Que pelo cair da tarde

uma trezeleira com suenos pela

volta da noite grande fazia

alarde pelo campo enluarado

Nas madrugadas de aurora

que antes da luna se ir prá

aba do chapéu, matea junto

ao fogo pela boca do dia.

Os povoeiros charlavam de toda

a boca que esse índio de venta bravia

talvez era um lobisomem ou

um que fuzia de tempo.

Que em noites de luna grande

saltava pela noite que lobuna,

girava seu mundo pela boca

de uma zaina escarceira.

Que pela manhã as vezes se ouvia

um grito de forma pela boca

do índio ginete.

No seu templo de quinchá e terra,

guradava sua alma pra ser

querência junto aos olhos de quem

mira o luzeiro pequeno.

Com uma fumaça branca que

dissipa seu segredos de tempo e rio.

Um dia uns do povo se juntaram

e foram pela volta da madrugada

mirar o índio ginete.

Que por hora e tempo antes

da boiera sumir por os olhos do sol.

Mateou e depois se foi

prá mangueira no gritito manheneiro.

Tropilha formada pela hora do cedo,

apartou um tostado e rosinho

pra sentar os bastos.

Que na coueira se atou um picasso

que na zaina senhora nas lidas

de campo e doma.

Depois solito soltou num rosado

manoteador e alço, que saltou guspindo

no pulso com a cabeça nas mãos,

buscando a volta mais fuerte.

Que de uma boinita atirada pra o lado

firmou o corpo na fuerça de los braços,

pra esporas cantarolarem nas paletas

de um sotreta mesquinho.

Os de vila ficaram com miradas

de espanto com o índio solito

fazer doma solito pra no verano cruzar

com potros na cueira e nas quadrilhas

pra cambiar por platas pra diante da vila.

Depois pela tarde volconeira que vinha

pela ronda de tempo, veio pra junto

ao galpão numa charla de um chamamé

floreado.

Fez até o delegado parar pra ouvir

junto ao capão escondido,

lembrar de uma guiana que em janeiros

de moço se perdeu.

Que quando na ausência da luna

seu luzeiro pequeno fazia rumo

pras suas estrelas, que faziam doma

com segredos por entre os seus arreios.

Que quando vinha na linha,

solito pela boca da noite com potros

ou na zaina escarceira, os da linha

paravam a mirar quem sem palavras

charlou pelas puas.

Que tempo e rodeio um tempo mais

longo se fez pra cosas de sua alma.

Que de seus redomões, que cambeia

também seu silencio.

Ginete
Enviado por Ginete em 27/06/2009
Código do texto: T1670669
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