"MEU PAGO"  
 
A saudade mal criada...
Está grande por demais!
Da querência mãe; faceira...
Que à tempos deixei pra traz.

Ta me matando; E mereço!
Do peito, a voz mal me sai...
Como eu quero... Andar descalço!
Nas barrancas do uruguai!

Pode-se alçar... Noutros pagos...
Ser Livre; qual... Passarinho!
Mas mesmo estes filhos vagos...
Voltam, rever velhos ninhos.
Até; pra curar os lanhos...
premiados pelos caminhos.
 
Pago! Meu velho e bom pago...
Te versejo em gentileza...
Não esqueço os bailes lindos...
Saudoso; rio fortaleza!
Onde eu pescava, piazito!...
Caçava e... Outras proezas...
 
Quanto me destes, sem preço!
E eu percebo; quase tarde...
Que esqueci teu endereço...
Quando mudei pra cidade.

Me larguei, mundão a fora...
pra "curtir a mocidade"!
E hoje vivo a cabresto...
Pelos laços da saudade!

Morando em apartamento...
Enjaulado na verdade!
por que as tais; "cidade grande"...
São gaiolas de vaidade!

Pra sair, tem guarda costas...
Em casa é preso por grades!
Cada dia anda mais longe...
A tal china... liberdade!

Nada aqui,lembra a pedreira!
Onde eu cacei de bodoque...
Pomba rolinha e inhambus!
E no capão da cachoeira...
Tinha eu, loco e o roque...
Arapucas; pros jacus!
 
Vou voltar... Querência velha!
Não da pra procrastinar...
E ao chegar quero que sintas...
Este filho te abraçar!
Saudoso e P... da vida...
Por ter deixado seu lar!
 
Voltar, viver nesta terra...
Que ouso chamar, meu chão...
Não é um favor de quem erra...
É simples obrigação!
Mesmo que esteja em tapera...
Vou refazer meu torrão!

O que angariei ?... Jogo fora!
Bom nome, e... "Posição"?
Não paga o que me devora...
Que é essa dor,no coração!
 
Só vou fazer minhas malas...
E cumpro o que prometi!
E a china... que me namora...
Se quiser; que fique aqui!
Mamãe! Vou ver-te; não chora...
Avise os outros guris!
 
Sei que judiei da senhora...
Quando de casa eu sumi!
Meu único sonho agora...
E abraçar quem despedi!

Diga aos amigos de outrora...
Das saudades que senti!
Nada me prende aqui fora...
Demorei, mas compreendi!
Papai! Eu to indo embora!...
Deus! Que saudade de ti!

La onde o minuano mora...
É a querência onde nasci.
Me aguardem, prados e flora...
Eis teu filho; seberi!!!


Cesar Liczbinski
Enviado por Cesar Liczbinski em 16/04/2009
Reeditado em 18/04/2009
Código do texto: T1542657
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