Lembranças.
Lembranças...
E celebro a vida nos sonhos de menina,
em olhares que fui juntando
em síntese de emoções...
Momentos em alquimia
com o tempo e o espaço,
em percepções garimpados,
na natureza sem fim de mim.
E revelando quintais, varandas, jardins,
capto a luz em pessoas,
De viver culturalmente, alegria inesquecível,
compondo história sensível,
simples mundo em poesia.
Dialogo com a caipira em que sempre me vi:
a mangueira que plantei, árvores que escalei,
redes, balanços, poças ´d'água, bicharada e fruta boa
que em tudo plantei e colhi.
A moça do interior, sonhos simples, natural,
Bela roça, o estradão, o areal, e o lamaçal.
E tocada pela alma do poeta cantador,
canto o povo, sua memória original,
em toadas, encantada pelas cenas do sertão.
O caboclo brasileiro,
seus mistérios, lendas, mitos,
"causos", rezas, procissão,
ladainhas, cantilenas, os benditos,
capoeiras, as folias, arrasta-pé,
bailes, festas com leilão.
E nos cantos de trabalho,
louvo o justo São José.
Sinto a perda da varanda,
da janela escancarada,
lua entrando pelo chão,
Das conversas na calçada
sem tempo pra terminar.
Olho o muro, arranha-céus,
isolamento e solidão.
Comunhão revelada ao coração,
dá a tudo já vivido, seu caráter universal.
Quero o pão de todo dia,
no agora vivenciar.
Dôo à tarde que ora cora,
reverência agradecida,
Louvo os seres, louvo a vida,
minha alma enriquecida,
jeito novo em celebrar.
Gaiô.