Na Solidão Das Redeas
De tanto tropiar gastou a vida
No mesmo tempo que os ferros
Do estribos.
Foram tantos potros.
Tantos caminhos largos.
Tantas idas e vindas.
Hoje ainda tropea mais longê
Mas passa ainda por os
Mesmos caminhos, que saiu
Quando rapaz.
Caminho longo prá quem
Olha a distânçia da porta
Das casas.
Caminho curto prá quem
De longe vê as casas
E o galpão.
Caminho de léguas e
Repontes.
Que ainda ginetes de coragem
Cruzam levando a mesma solidão
Das redeas.
Indo daqui prá lá!
De lá prá cá!
Vagando prá o rumo que
Convém mais plata.
Hoje a estrada tropiera mudou
Com a marcha acelerada do progresso.
Surgiu pingo e fletes
Que levam o cargeiros
Que duas, três mil mulas levam.
As tropas ainda cruzam no fim
Do verão a linha prá carqueada.
E de longe ainda vemos índios
De campo e alma leve sobre os pelegos.
Mas as tropas depois da charqueada
Se vão num flete mui bueno
E corredor.
Ainda no mesma estrada da mata
Cruza as tropas.
Cortando a serra maior do espigão
Prá nas feiras chegar.
Lá longê meu pingo pateia
Trocando orelhas à campo
Fora.
Talvez os tropeiros de hoje
Desses pingos buenos e
Grandes.
Sintam o mesmo anceio
Na saída das casas e a mesma
Calma dos tropeiros de
Antes.