Na Solidão Das Redeas

De tanto tropiar gastou a vida

No mesmo tempo que os ferros

Do estribos.

Foram tantos potros.

Tantos caminhos largos.

Tantas idas e vindas.

Hoje ainda tropea mais longê

Mas passa ainda por os

Mesmos caminhos, que saiu

Quando rapaz.

Caminho longo prá quem

Olha a distânçia da porta

Das casas.

Caminho curto prá quem

De longe vê as casas

E o galpão.

Caminho de léguas e

Repontes.

Que ainda ginetes de coragem

Cruzam levando a mesma solidão

Das redeas.

Indo daqui prá lá!

De lá prá cá!

Vagando prá o rumo que

Convém mais plata.

Hoje a estrada tropiera mudou

Com a marcha acelerada do progresso.

Surgiu pingo e fletes

Que levam o cargeiros

Que duas, três mil mulas levam.

As tropas ainda cruzam no fim

Do verão a linha prá carqueada.

E de longe ainda vemos índios

De campo e alma leve sobre os pelegos.

Mas as tropas depois da charqueada

Se vão num flete mui bueno

E corredor.

Ainda no mesma estrada da mata

Cruza as tropas.

Cortando a serra maior do espigão

Prá nas feiras chegar.

Lá longê meu pingo pateia

Trocando orelhas à campo

Fora.

Talvez os tropeiros de hoje

Desses pingos buenos e

Grandes.

Sintam o mesmo anceio

Na saída das casas e a mesma

Calma dos tropeiros de

Antes.

Ginete
Enviado por Ginete em 09/03/2009
Código do texto: T1478223
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