Cruzando O Povoado
Uma alma torena
Ia passando pelo corredor
Gasto pelo tempo.
Um potro negro, enfrenado
No tempo certo dava prá ver.
Um chapéu grande de
Barbicacho trançado.
Se via pelo garrão que
No jeito de atar as esporas
Que domava potros e a
Sorte.
O potro pisava macil no
Pelo canto do corredor.
Cruzava num trancão,
Aligeirado.
Parecendo que ia tocando
A alma por diante no rumo
Das casas.
Os ventos toreavam o poncho
Que balançava na anca.
Pelo olhar firme do ginete
Trazia silêncios prá assoviar.
Foi mais um que cruzou o
Corredor sem olhar muito
Prá os lados.
Num comparsão prá chegar
Antes da noite.
Levava um laço nos tentos
Onde atou também a sua alma.
O silencio que ele guardava,
Só o barulho das patas do
Flete se ouvia.
Varou a sanga que ficou só
O rastro pela poeira do
Corredor, que a noite que se vinha
Guardou no seu interior.
Levou junto de tiro quem
Passou.
Quem o mundo vê como
Estranho.
Mas por dentro das veias
O mesmo corre o sangue.
Com mais força, de um povo
Que gasta o tempo num mate.
Depois da lida de todo
Dia.