Cruzando O Povoado

Uma alma torena

Ia passando pelo corredor

Gasto pelo tempo.

Um potro negro, enfrenado

No tempo certo dava prá ver.

Um chapéu grande de

Barbicacho trançado.

Se via pelo garrão que

No jeito de atar as esporas

Que domava potros e a

Sorte.

O potro pisava macil no

Pelo canto do corredor.

Cruzava num trancão,

Aligeirado.

Parecendo que ia tocando

A alma por diante no rumo

Das casas.

Os ventos toreavam o poncho

Que balançava na anca.

Pelo olhar firme do ginete

Trazia silêncios prá assoviar.

Foi mais um que cruzou o

Corredor sem olhar muito

Prá os lados.

Num comparsão prá chegar

Antes da noite.

Levava um laço nos tentos

Onde atou também a sua alma.

O silencio que ele guardava,

Só o barulho das patas do

Flete se ouvia.

Varou a sanga que ficou só

O rastro pela poeira do

Corredor, que a noite que se vinha

Guardou no seu interior.

Levou junto de tiro quem

Passou.

Quem o mundo vê como

Estranho.

Mas por dentro das veias

O mesmo corre o sangue.

Com mais força, de um povo

Que gasta o tempo num mate.

Depois da lida de todo

Dia.

Ginete
Enviado por Ginete em 09/03/2009
Código do texto: T1478220
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