CUNHÃ - JÁ PENSEI N AS FLORES
Penso em te falar Cunhã...
Amor perfeito, vermelho púrpura,
margaridas, camélias e rosas.
Meu nada deste cuera
ma faz sentir desgarrado.
Sinto-me aporreado
por amor a ti
que nada tem de perfeito.
Como posso falar-te ?
Se no mas - torno a olhar -
aí estás já vestida de
amor perfeito branco,
minha Cunhã.
Oigalê ! Margarida, camélia, rosa,
se estou distante e muito
do teu corpo - imagine -
do teu querido coração...
Cunhã, não ouves ao lejo
ou fazes as vezes de não escutar-me.
Ando a trocar orelha
porque queria tanto prosar...
Cunhã... Amor perfeito multicolorido,
margarida, camélia e rosas
dos meus sonhos,
queria acampar-me ao teu coração.
Ao não responderes a este índio-vago
me angustias.
Teu silêncio nesta bolada
ah ! não posso... viver esta imaginação
penses a respeito Cunhã...
Envies algum sinal a este muchacho.
Do escrevedor de versos: tabayara sol e sul
Estes versos escrevi nos momentos de saudades do
Tradicionalismo gaúcho, que é muito intenso nos nossos
corações. Isto, provavelmente remonta os idos de 198.... e poucos.
Um relato das palavras menos usuais pelo Brasil:
CUNHÃ: jovem índia; é termo Guarani.
CUERA: gaúcho forte, destemido.
DESGARRADO: apartado dos outros, perdido.
APORREADO: aplica-se ao homem rebelde.
NO MAS: somente, apenas, contudo; frente a qualquer imprevisto.
OIGALÊ: é uma interjeição, muito usada pelo gaúcho, no momento que quer usar satisfação, admiração.
LEJO: longe, distante, afastado.
TROCAR ORELHA: desconfiar, suspeitar, ficar com o pé atrás.
ACAMPAR-ME: é começar alguma coisa que perdura por algum tempo.
ÍNDIO-VAGO: pessoa que viaja muito.
BOLADA: oportunidade, desejo, vontade.
MUCHACHO: rapaz, moço, jovem.