Dos Olhares

As vezes a estampa atrapalha,

Mas penso que todos somos,

Diferentes cada qual no seu jeito.

Palavreado e vestir.

Me pergunto: por que que só

A minha é vista de atravessado

Pelos olhos dos outros?

Talvez por acharem que ser igula

Tudo e todos é bueno?

Mas não sei, até o quanto.

O povo me olha, com apreço

E com desgosto.

Me pergunto: solito nas volteadas

Da lida o quanto tem por ai,

De gente estranha mais ainda

Do que eu, que passam despercebido

Aos olhos dos outros, sem que notem.

As minha mãos são calejadas

Da terra e a corda da rédea.

E depois se levantam e charlam

Que agente não entende nada.

Tem vezes que a tarde ganha

Olhos de lonjuras, que chega

Ter vontade de se arinconar.

A alma paraçe que parava quieta.

Fica sestrosa, buscando

A volta.

Mas por que, só prá minha raça,

O meu gostar, os outros acham

Estranho?

Pois a tanta cosa estranha, que anda mundo

Afora, desde senhora a gurizito novo.

Fazendo tanta cosa que aos olhos

Dos outros, são normais.

As vezes quem gosta faz mal sem saber,

Direito do que gosta.

Pois vive igula a todos, na mesma

Cosa, a mesma lida.

Tem vezes que a alma pede pousada,

Prá quem é só, ainda pequeno.

E os mesmos me olham com

Desdenho.

São os mesmos que pedem,

Pouso prá coisas da alma

Quando apertam.

Ginete
Enviado por Ginete em 04/01/2009
Código do texto: T1367100
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