Dos Olhares
As vezes a estampa atrapalha,
Mas penso que todos somos,
Diferentes cada qual no seu jeito.
Palavreado e vestir.
Me pergunto: por que que só
A minha é vista de atravessado
Pelos olhos dos outros?
Talvez por acharem que ser igula
Tudo e todos é bueno?
Mas não sei, até o quanto.
O povo me olha, com apreço
E com desgosto.
Me pergunto: solito nas volteadas
Da lida o quanto tem por ai,
De gente estranha mais ainda
Do que eu, que passam despercebido
Aos olhos dos outros, sem que notem.
As minha mãos são calejadas
Da terra e a corda da rédea.
E depois se levantam e charlam
Que agente não entende nada.
Tem vezes que a tarde ganha
Olhos de lonjuras, que chega
Ter vontade de se arinconar.
A alma paraçe que parava quieta.
Fica sestrosa, buscando
A volta.
Mas por que, só prá minha raça,
O meu gostar, os outros acham
Estranho?
Pois a tanta cosa estranha, que anda mundo
Afora, desde senhora a gurizito novo.
Fazendo tanta cosa que aos olhos
Dos outros, são normais.
As vezes quem gosta faz mal sem saber,
Direito do que gosta.
Pois vive igula a todos, na mesma
Cosa, a mesma lida.
Tem vezes que a alma pede pousada,
Prá quem é só, ainda pequeno.
E os mesmos me olham com
Desdenho.
São os mesmos que pedem,
Pouso prá coisas da alma
Quando apertam.