Poema das Mãos
Estendo a mão ao céu, recebo a graça
Na festa, com a mão, saúdo a vitória
Vencedor, com a mão levanto a taça
Feliz, bato palmas pela glória.
Mãos usadas no ato de acariciar
Dedos importantes apontam a direção
Substituem a fala do mudo, ao se comunicar
Alertam, fazem parar, chamam a atenção.
Mãos com sinais e linhas importantes,
Quando envelhecemos, denunciam nossa idade
Levam o adeus para as pessoas distantes
Se entrelaçam, quando o amor é de verdade.
Conduzem e encaminham as crianças.
Embalam no colo, com carícias o neném
Mãos postas respeitam e rezam as esperanças,
Fazem o sinal da cruz, terminam com amém.
Também são usadas e praticam o mal,
Castigam cruelmente, manejam a palmatória.
Injetam no homem condenado a injeção letal
Escrevem mentiras e verdades da história.
Plantam e colhem hortaliças de uma horta
Preparam saladas e o pão que alimenta.
Na tristeza massageia o coração e conforta.
Não me deixa cair, firme me sustenta.
Conservam esquerda e direita companheiras
Socorrem no perigo e interferem se preciso,
Abandonam a meiguice, viram guerreiras,
Para os condenados batem o martelo em juízo.
Mãos unem e carregam as alianças
Selam os compromissos dos casamentos,
Conduzem os casais cheios de esperança
Fiéis às juras destes acontecimentos.
A cigana encontrou traços na minha mão
Que indicam a angústia de amante apaixonado.
Acompanhou o meu segredo na solidão,
Prometeu ajudar e viver sempre ao meu lado.
Não é só na minha mão, que existem, eu sei
Todas as mãos trazem o destino traçado.
Não e meu privilégio, para todos é lei,
Nossas mãos têm o futuro registrado.