De Quem Passou No Corredor
Surgiu uma silhueta de
Poncho e cavalo pelo canto
Do corredor.
Só se ouvia contra passo
Trotiado de um flete da
Lida e o bufões prá espantar
O frio da noite.
Firmei os olhos no corredor
Com uma das mãos no mate.
Talvez trouxeste um chasque?
Ou ia ligeiro pras casas.
Trazia a luna por seu costado
Era o campo rompendo
A noite escura.
O brilho do estribo pratiado
Mostrava que o índio era
Patrão, ou tinha sido
Dono de uma ginetiada.
A capa trazia detalhes
De requintes de patrão.
O chapéu não tava
Desabado.
E o barbicacho era de
Alumiar na escuridão.
Numa das mãos
Escondidas por de baixo
Da capa negra.
Um rebenque de luxo.
Cabeça de prata e ouro.
Depois que esse índio
Cruzou pelo corredor.
Que pudesse ser mais
Um forasteiro.
Mas tinha jeitos de vaquiano
Vindo das fronteiras prá serra.
Ele cruzou em seu destino
Talvez procurando um rumo
Prá vida.
Sumiu como veio pela
Escuridão, rasgou a coxilha
E foi sem ninguém notar.
Podia estar fugindo de uma
Percanta.
Mas não sabia quem era!
Ginetinho...