ENCERRAMENTO

UM POUCO DA SAGA GAÚCHA

Era um ideal de liberdade,

De igualdade e fraternidade.

O lema mais universal

E sem igual.

Um grito que ecoou na pampa

E retumbou na história...

Mas foi na jornada ilusória,

A busca de uma utopia,

Que acabou vazia....

Como sonho nasceu

E como sonho morreu.

Apenas não feneceu.A esperança

Nos corações dos heróis,

Ela permaneceu e brilhou,

Longe, no horizonte da pátria,

Como faróis, mostrando,

Um clarão de insatisfação,

Do povo da província,

De São Pedro.

Foi uma luta encarniçada ,

Famílias inteiras trucidadas,

Meninas desvirginadas,

Crianças estraçalhadas.

Foi um quadro de horror

Tamanho o furor

Dos contendores.

Exageros houve

De parte a parte.

Não havia dó nem piedade.

Aquele que ficava ferido

No chão caído,

Sobre a relva congelada,

Recebia logo,

A gravata colorada.

E assim passou dez anos,

A pampa inteira sangrou,

Todo o Rio Grande chorou,

Numa luta onde não houve

Vencedores, só perdedores.

Desfilaram heróis caudilhos,

Índios, peões de estância,

Agora a tanta distância,

Sentado aqui escrevendo,

Emociono-me revivendo,

Um passado de glórias,

Daqueles Centauros ,

Dos negros lanceiros,

Lutando por sua alforria,

Morreram, não seria,

Ainda neste dia,

Que conseguiriam,.

Por tempo ainda persistiria.

E por fim veio a paz

De Poncho Verde,

De um lado Duque de Caxias

Pelos federalistas,

De outro os farroupilhas,

Assinaram um tratado,

Que nunca mais foi rasgado,

Pois ainda era um tempo

De homens, de palavra,

De valor sem igual.

Buscaram um ideal,

Mas a sorte lhes foi madrasta,

E o gaúcho tão altivo,

Teve que aceitar a rendição

Como forma de extinção,

Da sangrenta revolução.

Dizem que ainda hoje,

Em noite fria de inverno

Quando a geada cobre de noiva

As folhas das pitangueiras,

Que o minuano trás em lamentos

O choro das crianças e das mães,

Procurando pais e filhos,

Que tombaram nos campos,

E passaram da vida para a história,

Que apenas ficou na memória,

Num relicário de emoções,

Para mostrar as novas gerações,

Que o gaúcho numa refrega ,

Luta, morre, mas não se entrega...

Marco Orsi

Até mais ver...