ENTARDECER NO PAGO
HOMENAGEM AO RIO GRANDE DO SUL
Cai a tarde, sinos tocam o "Angelus",
faço uma pequena prece, Ave Maria!
Para agradecer por mais este dia,
que passou. Esperando pela noite.
que me acolhe com sua veste vazia.
Trato, então de enchê-la com poesias,
Que estão guardadas em meu coração,
Vou declamá-las ao redor do fogo de chão.
Neste meu pago quando chega o anoitecer,
as siriemas vão piando, dando a nota final,
deste arcabouço do meu sonho virtual,
e que mais faz aumentar a vontade de viver.
Pego minha viola pra fazer um fundo sonoro
entretanto os dedos não querem obedecer,
ficam travados, custam a percorrer
as cordas esticadas, do meu velho violão.
Deixo, então, passar em branco, meu coração.
Assim vou levando a vida, aqui e ali.
No escuro meu peito busca guarida,
Fazendo coro com a razão da vida.
Já foi a última hora, a tarde já finaliza.
Bem longe a lua cheia já se divisa,
o horizonte está cinza-escuro.
Do sul sopra um minuano gelado.
Ajeito meus pelegos e num costado,
bebo um gole de um misturado maduro.
Lavo a garganta e continuo cantando,
Enquanto um cusco, no lusco-fusco, vai uivando,
solitário nesta paisagem fria e esquecida,
onde outrora borbulhou encanto e vida...
Marco Orsi