Conversando Com À Cuia

Se minha cuia charlasse

Talvez o mundo saberia oque

Penso.

Meus silêncios e minhas quimeras

Minha cuia velha guarda

Sinais do tempo que já gastou

Seu corpo, que fez sumir os desenhos,

De adorno.

Pelas horas tranqüilas depois

Da lida de corda e potro.

Um mate novo vem da mesma

Cuia

Que guarda segredos meus

Por seu porongo escurecido

Pelos mates nas longa rondas

De campo.

Guardou sonhos e coplas.

Amores, desgostos e foi

Alento quando nos olhos

Lacrimaram alguma gota da

Alma.

Assim minha cuia foi

Sendo parceiro desde as

Ressolanas, rondas, e no

Descanso de alguma tropiada.

Minha cuia passeia de mão em

Mão, parece china faceira,

Mas guarda segredos de tantos

Que já ouviu em silencio por

Um fim de tarde longa.

Foi por ela que aprendi desde

Guri sorvendo alguns goles

Do mate dos mais velhos.

A ver que o sentido prá

Alma e vida é simples.

Que o silencio de um mate

Vale muito.

Que a cuia não charla

Bem sei disso!

O certo que ela traz calma

Ouvindo prosas e dores.

Ah! Minha velha cuia

Redomona que espera recostada

Na cambona por à erva verde

Da cor do campo.

E a aguada quente formando

Uma lagoa, de pensamentos

E coplas, silêncios.

Que os de campo, mesmo longe

De sua querência vem sorver

De sua aguada, e dizer em

Silencio só prá ti.

Que guarda sonhos morenos

E lidas.

Prosas calmas de guris e

Pais.

Que apreendem a vida

Por uma roda de mate.

Que talvez se minha cuia

Charlasse, contaria por certo

O meu amor por uma morena.

Que preferiu a solidão

Do que ser amada.

Contaria de minhas volteadas

E das morenas que levam o mesmo

Nome de Cuia.

Que fazem a vida pelos

Ginetes que matam a sede

De carinhos pelos seus braços.

Minha cuia de mate já

Foi assassina nas guerras

Aqui do meu sul.

Já foi madrinha, e parceira

De rondas.

São tantas tuas funções

Mas a mais bela é ser

Parceira de tantos em

Mates novos que contam

A vida prá ti.

Ginetinho...10/07/08

Ginete
Enviado por Ginete em 09/09/2008
Código do texto: T1169045
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