TRIBUTO A JOSÉ MENDES

Meu verso pede licença

E reverencia um guerreiro.

Um bravo e nobre escudeiro

Da cultura regional.

Serrano de marca e sinal,

Um amante da liberdade

Que honrou sua identidade

E o velho torrão natal!

Aquele sonho de piá,

De tocar e ser cantor,

De semear risos e amor

Por todos estes rincões,

No aplauso das multidões

Encontrou sua guarida.

Poesia encantando a vida,

Tocando nos corações.

Entoava o Picaço Velho,

E Che Florência cantava;

Se José Mendes chegava

Era alegria e festança,

Pois aquele piá de estância

Logo a todos conquistava,

Corações emocionava

Numa Última Lembrança!

“Passeando de pago em pago”

José Mendes voou alto.

Pelas trilhas e asfaltos

Levou a querência grande.

Sua voz inda se expande

Levando além deste chão

As Coisas do Meu Rincão

Da Porteira do Rio Grande!

“Pára Pedro”, foi sucesso.

E o Pedro não mais parou!

Sua música ultrapassou

As fronteiras do país.

A vida que um dia quis

Chegou e linda demais,

Pôde ajudar seus pais

E cantando ser feliz!

O sucesso que estourou

No rádio e na televisão

Ganhou nova dimensão

Na história que seguia

Campeão de bilheteria

Foi seu filme no cinema

Levando o canto e o poema

Dos campos de Vacaria!

José Mendes é reconhecido

A sua obra se expande,

Serrano aqui do Rio Grande

E cantador por ofício.

Sem maiores sacrifícios

Pra cantar a terra amada

Enalteceu sua Esmeralda

E “Não Aperta, Aparício!”

Sempre pronto, bem pilchado,

Sem renegar sua terra.

Este gaúcho da serra

Que roubou a fazendeira,

Cantou a lida campeira

E o Canto da Seriema

Foi “Mocinho do Cinema”

Orgulho da pátria inteira.

Sempre amigo dos amigos

E amante da natureza.

Se Vá Embora, Tristeza

Com suas dores e dengos;

Em nosso pago avoengo

Tratou sem ter distinção,

Brasileiro, meu irmão

Ouça a voz deste “Andarengo”!

O roubo da gaita velha

Ainda é muito falado,

Por outras vozes cantado

Transcendendo sua jornada;

Mensagem de Saudade da amada

Carancho, Minha Biografia,

E O Rodeio de Vacaria

São partes das “Gauchadas”!

Com o pago por herança

E a arte por vocação

Cantou na televisão

Em horários de audiência,

Mostrando sua querência

Com a cordeona de botão

Disse: - “Isto é Integração”

E a cultura nossa essência!

Destaque de carnaval

Da Unidos de Vila Izabel,

De chiripá e de chapéu

Desfilou no Rio de Janeiro.

Fez sucesso no estrangeiro,

Grande vendagem na Europa.

Veio na ponta da tropa

Do nativismo campeiro!

Teu canto se perpetua

E revela novos valores,

Na voz de tantos cantores

Na voz de teu próprio filho.

Cada refrão e estribilho

Que ecoa na voz dos ventos

Projeta teu pensamento

E teus sonhos andarilhos.

A Cordeona do Negro Mendes,

Parabéns, Comadre Chica.

Vejam que coisa tão rica

E o humor que ali permeia

Quando canta Mulher Feia

Não Espalha e outras tantas,

Erguendo pó das bailantas

Quando a cordeona floreia.

“Adeus Pampa Querido”

Adeus na eterna mensagem

Que marcou sua passagem

De glórias e de alegrias.

No guri que principia

Um canto com emoção

Está o louvor ao chão

Que José Mendes queria!

Por isso digo: - Obrigado!

– Cantor deste Pago Santo –

Por isso tudo levanto

As mãos para bater palmas,

E numa Prece com calma

Paz pra ti peço a Jesus

Pois tua canção de luz

Nos enternece a alma!

Obs.: Os títulos em negrito são os nomes dos oito discos de José Mendes em ordem cronológica;

As palavras sublinhadas em itálico são títulos de algumas das composições que gravou.

1º Lugar Categoria Poesia Inédita Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria 2008