Persistência
Sou cria do “35”
Onde cheguei, piazito,
Rengueando, no meu tranquito,
De marca mal descascada.
À mão do velho agarrada,
A minha tateava a História
Naquele templo de glória
Da tradição abençoada.
Ali, eu tive o prazer
De conhecer muito vaqueano.
Em tardes de minuano
Eles mateavam, charlando.
E eu, piazito, bombeando
As coisas que eles contavam,
Que tão fundo me tocavam,
Aprendia perguntando.
Muita gente, em Porto Alegre,
Naquele tempo peludo,
Ofendia o bombachudo
E a chinoca pilchada.
Diziam ser palhaçada,
Que era coisa de guaiaca.
Mas, com pouco, não se ataca
O entono da gauchada.
Surgem muitos cetegês
E a estância da poesia.
O “Grande Rodeio” reunia,
Pelo rádio, o nosso povo.
Só depois veio o retôvo
Da Califórnia Nativa.
E a Tradição se reaviva
Através de sangue novo.
Na cancha reta do tempo,
Hoje, a penca é diferente.
O gaúcho vem na frente
Cultivando o seu passado.
Mais orgulhoso e entonado
Que capataz de fronteira
Pois, hoje, a pilcha campeira
É traje oficializado.
E aí está como exemplo
Do que pode a persistência.
Hoje é comum, na querência,
Andar o povo pilchado.
É xirú embombachado
E prenda arrastando a saia.
No Prcão, na Rua da Praia,
É pilcha pra todo lado.
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