Permita-me tocar-te
Desperta de teu sono,
saia desta caixa desgastada pelo tempo
e vem para meus braços!
Firme, mas delicadamente te trago para perto!
Bem junto à minha face, num quase beijo, descanse e deixe-se tocar.
Minhas mãos percorrem teu corpo e,
por inteiro, o faz vibrar.
O toque dos meus dedos alteram tua voz e afinação.
Enquanto isso, o deslizar suave ou forte - tal arco entesado do guerreiro -
definem o ritmo e a intensidade,
o que às vezes te faz gemer, outras, arrebatam de dentro de ti o brilhante estridente agudo, pilar de uma orquestra!
Delicada, elegante não tens nada de vulgar! Não! o vulgo, o comum não é capaz de compreender-te, apreciar-te, amar-te, arte!
Se te consideram elitizada, isso não depende de ti, pois há quem se exclua da graça e considere abjeto o que para outro seja objeto de intenso prazer e deslumbramento.
Assim és, minha querida, para mim,
um violino!