Quietude da tarde

Entre aromas esporádicos, exalando perfumes,

minha amada chegou como uma chuva desejada.

Caminhando entre lacunas, chegou mansamente.

Debruçado na janela assistia curiosamente seus passos.

Na quieta placidez da rua, ela veio,

insinuante, convidativa, alegre, descabida.

Aqui perdido entre reflexões e desejos, órfão de afeições,

seduzido por sua graça, na suavidade da tarde, seduzi-me.

Seu olhar parecia que me despia...

Começou a dizer baixinho, ao meu ouvido, coisas inconsequentes.

Com essa boca febrenta, aflorou de seus lábios delícias.

Errei caminhos entre delírios e desejos arfantes.

Mergulhado em êxtase senti arrepios e tremores.

Não tive paciência para o amor que se avizinhava.

Sua respiração acariciava-me, com seu hálito de mormaço.

Jogos íntimos se anunciavam imprudentes, desmedidos.

Um grande espanto nesse calor escaldante, inundou-me.

Segredamos nossas imprudências entre beijos febris,

entre suspiros exagerados, entre convites indecorosos.

Assim ousamos em sombras disformes, na quietude dessa tarde...

JTNery
Enviado por JTNery em 27/12/2024
Reeditado em 27/12/2024
Código do texto: T8228285
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