PETITE MORT
Tão lindo é o lusco-fusco do teu olhar
No esvair do ocaso em marasmo
Tua alma sol vermelho crepuscular
Teu corpo a tremular em espasmo
Obra impressa pelas mãos do poeta
Beijos a emoldurar tua pele nua
Carícias ternas no teu corpo em festa
Lânguida ascende ao encontro da lua
Ranhuras leves na pele arrepiada
Vertigem quando lhe bebo aos tragos
Fruta rosada na boca orvalhada
Em teu corpo sou calor e afagos
Estrelas brilham no teu belo olhar
O céu enluarado abre seu manto
Na minha boca morre o néctar divino
Sou teu homem e sou teu menino
Desejo recíproco em nosso ninho
Intercalando ternura e voracidade
Musa e Poeta num amar felino
Nosso olhar é pura felicidade
Pequena morte a nos lançar no abismo
Visão do paraíso num descomunal prazer
No meu corpo em fogo faço teu batismo
Gemidos profundos no ato de quase morrer