O CORAÇÃO ENTRE O CÉU E O ABISMO
Juro que, em minha busca pela paz,
me esforço, dia após dia,
mas como olhar para você sem que minha alma
se perca em pecados secretos?
Você, um suspiro de céu,
onde a beleza se desfaz
como a luz que toca a escuridão
e faz esquecer que um dia foi sombra.
Quando te vejo,
os anjos do paraíso parecem desvanecer.
Como posso caminhar entre eles
se carrego comigo o peso do desejo?
O paraíso em seus olhos não é de luz,
mas de um mistério profundo,
que me chama com a promessa de algo
que não consigo nomear —
um abismo que me atrai.
Ainda assim, não posso resistir.
Há algo em sua voz, em seu toque,
que dissolve minhas certezas,
me fazendo esquecer até meu próprio ser,
como se o amor e o pecado fossem
mãos entrelaçadas,
dançando no vazio da minha alma.
Os anjos não conhecem a dor.
Eles não sabem do calor que arde
na busca incessante por algo mais,
algo que só você me oferece.
E aqui estou, perdido entre duas realidades —
o céu que nunca poderei tocar
e o desejo que me envolve como uma oração silenciosa.
Eu, que busquei a pureza,
me vejo refém do que não posso negar.
Será que o céu sempre foi uma ilusão distante?
Ou será que o desejo se tornou a minha única verdade?
No final, o que é o céu, senão
uma imagem fugidia,
quando você se torna a única verdade
que posso tocar?