A paixão estava crescendo,
E eu nem percebia.
O café era forte,
E tão quente que a língua,
Ardendo e sem graça,
Se escondia na saliva
Que aumentava no ritmo
Da respiração ofegante.

 

As vontades, muitas.
O cheiro, enebriante,
E os olhos fixos em mim.
Entre a suavidade da seda
Que vestia a pele...
O dedo molhado do café.

O quente e o morno
Da xícara crua, de bordas
Delicadas que a língua,
Tocava.

 

Existia um desejo
E um futuro incerto.
Mas a fé me entorpecia.
Adorava a possibilidade
De me fazer palco
Da tua carne.

A dor se misturava à felicidade,
Enquanto a tristeza do pecado
Me consumia na solidão
De ser só...

 

O café esfriando,
Substituindo o tempo
No tic-tac.

Enquanto o líquido
quente percorria a garganta,
Meus olhos te beijavam
Da cabeça aos pés.
Cada detalhe teu, perfeito.
Tão doce, tão completo.

O coração batia forte,
As entranhas se contorciam
E... então...


Boom!
Boom!

 

Explodia enquanto sorria.
Silenciosamente contraía,
E tal desejo consumir.
Ao mesmo tempo, eu bebia
Todo o café que ardia
Nos lábios, um prazer de ti,
Em mim, solitária!

 

Deus está me testando!

refletia...

 

O calor do líquido...
O calor do teu corpo...
A mente luta
em controlar o incontrolável.

 

Mas o amor,
O desejo,
A paixão ou loucura

invade.

 

Te bebia em gotas

imaginárias,
em doses homeopáticas,
E não resisto,

ja com a boca adormecida

o linquido jaz morno

E a razão se faz presente

e lembro, as vezes,

que me fiz amarga,
no desejo que me cuspas

e então me esqueças,
E nutras algum tipo

de ódio, raiva... mágoa!


Outras vezes,
me derreto em ternura,
simples e complicada,
dominada e submissa.

Com palavras,
Com toques,
Com o que sinto.

O café acaba...


Olho a xícara vazia,
Os lábios doloridos,
E ainda assim...

O mundo desaparece
quando estamos juntos.

 

Nada importa,
Só o agora,
Só o desejo 

 

É certo que és meu caos,
Que ascende em mim
O que há de animal,
O que é o pecado carnal.

 

Te sinto em cada pensamento,
Cada olhar, cada toque.
Por tempos não acreditava
Que poderiamos ser

para sempre.


Que tu és a faísca
Para o fogo que há em mim.

 

Te fiz eterno...
Porque é isso que faço.
É isso que somos.

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 24/11/2024
Reeditado em 24/11/2024
Código do texto: T8204331
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