Em sendo mulher
Em sendo mulher
Amei os homens
Da minha tribo
Como todas as outras
Mawés conforme o
Ordenamento dos antigos
No dia saí da oca
Das moças
Depois saiu o sangue
Disse eu era fruto
Pronto para dar vida
No dia senti
Paixão de corpo
Pelo guerreiro
Saiu da oca dos
Curumins pintado de
Urucum e mordido
Da formiga de ferrão
Mais doloroso
Sem fazer careta
Nem chorar e nem gritar
Quando recebeu o arco
E a flecha do morubixaba
E tocou a flauta baforada
De pito do pajé
Ao ver suas pernas
Como toras de madeiras
De angelim-vermelho
Seu dorso como o
Dorso da onça puma
Deu vontade de
Deitada esse guerreiro
De pele brilhante
E olhos vivos
Vir me encobrindo
Com seu corpo macio
Já sou uma onianiê
Ele já é um sanapú abá
Vai me incendiar
Com sua ariê-andê
A tribo terá
Mais frutos
Cunumins e cunhatãs
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 31 de janeiro de 2024