A janela da luxúria
No crepúsculo que te veste,
Os véus da noite se desfazem,
Entreabro a janela, silenciosa,
E vejo o desejo que arde em teus olhos.
Tua pele, poesia de marfim,
Desliza lenta sobre a seda fria,
Num sussurro que acende as estrelas,
Tens no toque a promessa do proibido.
Meus dedos seguem o traço do mistério,
Mapeiam cada curva do teu querer,
No contorno da tua boca sedenta,
Sinto o gosto da fome que nos consome.
Teu corpo dança, segredos expostos,
No ritmo lento de quem conhece o prazer.
Nossos olhares, faíscas no escuro,
Gravitam, se atraem, sem espaço para o pudor.
És o fogo que queima sem pressa,
Chama que não se apaga,
No balé mudo entre lençóis,
Onde cada gesto é confissão.
A janela da luxúria aberta,
Não há recuo, não há demora,
Somos dois corpos, um só desejo,
Que se dissolve na madrugada infinita.