desconcerto

perfurar as margens

do coração

com facas amoladas

de semente

que crescem nas raízes

proliferadas de afeto

magnetizar o ventre

onde se gera fagulhas

de aço

desvendando as órbitas desveladas

na órbita da criação

seremos semente

seremos vórtice

seremos criação

semente é vértebra

é laço

é sopro no vento

o sol se põe nas lajes peladas

por debaixo dos lençois passamos batom

que escorre nos dedos incontáveis

dos pensamentos

corpos brincam desnudados

no parquinho

e um livro se abre nas vertigens

da vida em ondas

rio que passou e se vai

um cachorro atravessou-me sorrindo

entre as paredes sujas de poeira

e ar intoxicado

onde não se vê

o desatar dos nós em nós

Késia Gomes
Enviado por Késia Gomes em 21/08/2024
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