desconcerto
perfurar as margens
do coração
com facas amoladas
de semente
que crescem nas raízes
proliferadas de afeto
magnetizar o ventre
onde se gera fagulhas
de aço
desvendando as órbitas desveladas
na órbita da criação
seremos semente
seremos vórtice
seremos criação
semente é vértebra
é laço
é sopro no vento
o sol se põe nas lajes peladas
por debaixo dos lençois passamos batom
que escorre nos dedos incontáveis
dos pensamentos
corpos brincam desnudados
no parquinho
e um livro se abre nas vertigens
da vida em ondas
rio que passou e se vai
um cachorro atravessou-me sorrindo
entre as paredes sujas de poeira
e ar intoxicado
onde não se vê
o desatar dos nós em nós