Noite Alta
Noite alta, dormem as almas dos homens.
Mesmo assim os amantes se encontram sob a pouca luz do íntimo átrio.
Os olhares correm sobre as curvas provocantes.
Olhos curiosos.
Olhos desinibidos.
Um abraço molhado.
Mãos de veludo passeiam sem medo sobre a pele nua e crua.
Um arrepio impiedoso fustiga a epiderme.
Um gemido baixo escapa.
O beijo desejado une as carnes, calando a voz debaixo do desejo.
As línguas quentes se encontram fervorosamente nas bocas alheias.
Sexo.
Órgãos rígidos e molhados.
Sexo fervoroso, amor selvagem. Pleno.
Amor.
Um balé nervoso e pulsante, dançando desenfreado entre os lençóis brancos do quarto escuro.
Sexo sem medo, sem pudor e sem amarras, onde tudo acontece, tudo é bem vindo, tudo tem seu lugar.
O encaixe da carne macia é perfeito, universal.
Falta o ar, sobram gemidos e fluídos.
Gritos de prazer insistentes penetram sem cerimônia as paredes virgens engolfadas pela madrugada cor de carvão.
Para eles é como nascer, só que um milhão de vezes mais prazeroso e caótico.
Noite alta, gozam as almas dos amantes.