QUADRO A QUENTE

deixei correr a tinta

pelo feitiço das curvas

como quem despenteia arestas

dos poros às frestas

com pincel de uvas

a colorir as montanhas

do vale ao cume

das árvores às (de) copas

a gosto das polpas

cadentes ao lume

prendi-me às escarpas

com pintas de inchaço

tombei sobre a gruta

que em pernas argutas

espremia o bagaço

já quase sem tinta

aos lábios mordidos

pintei água-ardente

e num quadro a quente

caímos rendidos

04-06-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 04/06/2024
Código do texto: T8078596
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