NO CHUVEIRO
Quando cheguei
já era tarde.
Quase onze e meia da noite.
Pouso as chaves
largo a pasta.
Tiro a roupa
e ligo o chuveiro.
Sem que ela se apercebesse
ela estava deitada
vestia um biquíni preto
e os peitos dela estavam nus.
Era um daqueles dias
que Luanda não dormia.
Ela se aproximou
deu-me um abraço pelas costas.
Beijou-as com um selinho amoroso
e meteu gel de banho
ao meu cabelo.
Massageava
como se fosse uma terapia
de cafunes.
Virei para ela
e beijou-me a boca
Não respondi ao beijo com ternura
ela transmitia paz
tranquilidade
e muita sensualidade.
Tomei-a em meus braços
como se fosse o deus dela.
Enquanto ela gritava
de prazer
meus braços mais a apertava.
Era só ligar o chuveiro
que o resto se desencadeava.
Podia a água estar fria
mas o ambiente entre nós estrava quente.
Nossos corpos entrelaçados
em perfeita sincronia
no frenesi da paixão
nada mais importa
apenas o meu toque nela.
O bom das almas perfeitas
é que não precisam de momentos perfeitos
para serem felizes.
Enquanto o chuveiro diminuía a pressão
ela saiu sem dizer palavra alguma
e pensava ela
“cumpri a missão.”
Virou olhando para mim
e riu de queixo ao ombro
como uma daquelas esculturas da Idade Média
e eu olhava para costela
que me foi tirada na criação.
Devolvi o riso sem dizer nada
E desliguei o chuveiro.