BEM ME QUEÍMÃ
BEM ME QUEÍMÃ
Minha amada quer coisas
Que muito exigem de mim
Quer que dela me aproxime
Como se fosse um anjo ruim
Quer que eu a leve dessa forma
Numa viagem longa, sem volta
Quer que eu a abrace, abrace
Com braços, aços de Serafim
Quer que eu a leve numa viagem
Numa jornada sem volta, tornada
Um lugar mui longe, além de mim
Quer que eu seja ele, um sol
E a transforme em algo, em mim
Quer que vamos juntos, por mares
Nunca dantes velejáveis navegar
O mundo real não lhe serve de nada
Habita ação de seres lupanares
Ela deseja respirar ares, ser a amante
De Júpiter, ser uma lenda, um Cisne
E não ser jamais imagem adorada
Por joelhos dobrados em altares
Quer “não ser” e não ser nunca vista
Por seres de almas tumulares
Nem sei, darei conta desses quereres
Sei que quando ela me olha sou eficaz
Em satisfazer todos os seus desejos.