179°
Como compreender o belo
Se a minha escrita possui falhas
Escrevo o que a vida não fala
O que poderia ser gritado
Sou caminhante de cemitérios
Juntando versos em hemisférios
Provando o gosto amargo da saudade
Transando no primeiro ou segundo ato
Falhando ao penetrar a carne
Enquanto o que elas buscam é a alma
O que sou nessa imensidão de vazios
Se não consigo compreender a natureza
Se minha ação humana é trucidar a carne
Penetrar aquelas que merecem flores
Como perceber as ondas na praia
Quer-se a zoada de corpos suados
Rasgando-se em orgasmos mentirosos
Como manter o essencial
Se ninguém busca a verdade
Engano por que sou enganado
Vou colecionando os corpos
Que se rasgaram para mim sem vaidade
Não existe saudade quando não se toca a alma.
Otreblig Solrac - O poeta burro