Pensamentos invernais

A solidão prendia-me a noite sobre a luz das estrelas, noite escura com vasta vista silenciada por prazer. É mais um inverno tão lindo sem cor, mais um inverno que não quer se por. Os meus olhos bailavam sobre a vasta infinidade do azul do mar que desaguava no seu litoral, e ouvia dentro de mim o amor. Tive de o seguir depressa por dentre as ondas cheias de flores e o cheiro vinha como brisa sobre o meu corpo despido de vergonha.

- Ó minha alma pensante, devolve os meus fantasmas gestantes! Retorquia o meu cérebro pelo passado que atravessou o meu destino para te encontrar. Em sonhos clareio sem rodeios, envolvo-me sem devaneios e ninguém pode nos separar.

Adormecemos com calma em seu jardim, procuramos sem cessar este fogo, este fruto proibido que nos envolve em prazeres tenebrosos de amor – sentimento tão lindo que só nos causa tanta dor. Vi em seus olhos o brilho da lua e a noite que parecia escura no céu clamava o novo amanhecer. Quando abrimos os olhos, descobrimos que estávamos nus e os gemidos já não faziam sentido porque atravessamos montes, rios e vários mundos em momentos instantâneos de infinito prazer. Quisera repetir, abraçar a noite sem assombrar os meus desejos, mas este fantasma perde-se a luz do dia.

Adormeço e amanhã vou buscar no vento as respostas, antes que voem ao teu encontro e perder a chance de colorir o inverno e esboçar os meus pensamentos invernais.