Ósculo
Deixa-me, oh lânguida criatura,
Beijar-te os lábios de cereja ardente,
E na delícia dessa hora impura,
Fazer-te um verso em cada movimento.
Em teu semblante há raro fulgor,
E teus olhos são dois faróis acesos,
Conduzindo-me ao éden do amor,
Onde meus desejos são confessos.
Ah, sim, teus lábios são açoitados,
E eu sou o algoz que os faz tremer,
Mas, com fervor, em cada beijo dado,
És minha musa, a me enlouquecer.
Que embriaguez, que febre, que delírio!
Deixa-me em teus braços esmorecer,
E sê a flor que em meu jardim cultivo,
A bela rosa que eu sempre vou querer.
Não temas a paixão, oh doce amada,
Pois em teus braços me encontro em paz,
E na volúpia dessa noite enamorada,
Somos apenas dois corpos em um só compasso.