SENSUALIDADE SINTÁTICA - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

SENSUALUDADE SINTÁTICA -

Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

- Você me ama, perguntei. - Amo - seu tolo!

... mas o seu verbo, que era tão... intransitivo...

ganhou ação e complemento... o seu consolo

passou a ser um pronome... reflexivo.

Revendo as regras, expliquei que o verbo amar

é ideal, quando a ação é transitiva,

e que o pronome essencial que a completar

tem que ser "te"... de forma mais objetiva.

Ela me olhou - confesso, aquele olhar doeu -

e sussurrou: - Meu verbo é bem mais natural...

e o sujeito... meu amor... hoje sou "eu",

só sei, de cor, colocação... pronominal.

Se numa próclise, um romance se inicia,

uma mesóclise é a forma mais completa,

pois na conjugação a dois, amar-se-ia

na plenitude que a sintaxe projeta.

Tornou-se enclítica nas suas exigências,

porém me disse, num tom bem coloquial:

"O seu pronome supre bem minhas carências...

mas cada verbo que conjugo é... passional.

Juro, optei pelos meus vícios...

de linguagem,

e no calor da nossa Nova Ortografia,

os pleonasmos ganharam nova roupagem

e... hiperbolamos... nossas fisiologias.

Às 13h e 38min do dia 31 de janeiro de 2023 do Río de Janeiro. Registrado e PublIcado no Recanto das Letras.