CONTRIÇÃO LABIAL
Tua flor rosada e assim tão pura...
Flor carnal pólen do mais fino mel...
Hei de orvalhar com infinda ternura...
Sereno de amor do meu lábio fiel!
Caricia de beijos na tua pele nua...
Língua libidinosa em teus vãos apetece...
Teus gemidos langues sob a luz da lua...
Eu a lamber contrito como em prece.
No teu corpo tecerei poemas em doces ranhuras...
Conduzirei teu prazer com apaixonado zelo...
Libertando ais, na santidade das carícias impuras...
Voas... feito pipa que menino solta do novelo!
Quedarei qual pintor que à própria obra saboreia...
Teu êxtase é o leitmotiv da minha arte...
Minha rainha, serei operário em tua colmeia...
Mesmo que eu morra depois dest'arte!
Vou lhe servir sem nenhum senão...
Dou-te o deleite da geleia real...
Dou-te o prazer da minha devoção...
Dá-me o néctar teu gozo celestial!