NEM SANTA NEM PROFANA

 

 

Ela não é santa

Também não é profana

É apenas mulher que ousa assumir o que quer, na mesa ou na cama.

 

Nada tem contra as comportadas

De saias compridas

Sem batom vermelho

Ou cintas-ligas

... Mas ela é assim,

de boa com o corpo, com seu sentir, sua dor, sua flor, sua estrela e sua vida.

 

Não levanta grandes bandeiras

Propaga o direito da mulher sobre seu corpo,

Mas diz não ao aborto!

Porque ela é do bem,

Do bem estar

Do bem deixar os outros bem

Do bem deixar o outro falar, gritar, vociferar, surtar ou gozar!

... Bem a todos que são do bem

E que colham os frutos do que plantar!

 

Ela não é Maria

Não é Rita

Nem Tereza de Calcutá!

Só é mulher que dá bom dia, boa tarde, boa noite e outras coisas quando quer dar!

 

Porquê ela não é santa.

Mas também não é profana

Não é Penha, não é Marta, não é Ana

(Ou talvez sejam todas elas)

Quando tem coragem

Para fazer valer a sua vontade

Na hora em que ela quiser

... ou vier,

Seja sabe-se lá de onde

ou pra onde!

 

Ela também não é poetisa

Nem arauta da verdade

(Sempre repetitiva)

Canta o amor, a sangria, a lida

Mas não se cala

Mesmo quando o inferno fala

Na depressão ou na euforia

Os seus medos, arremedos

O que chama POESIA.

 

Porque ela não é santa

Também não é profana.

 

Elisa Salles
Enviado por Elisa Salles em 07/03/2022
Código do texto: T7467573
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