NEM SANTA NEM PROFANA
Ela não é santa
Também não é profana
É apenas mulher que ousa assumir o que quer, na mesa ou na cama.
Nada tem contra as comportadas
De saias compridas
Sem batom vermelho
Ou cintas-ligas
... Mas ela é assim,
de boa com o corpo, com seu sentir, sua dor, sua flor, sua estrela e sua vida.
Não levanta grandes bandeiras
Propaga o direito da mulher sobre seu corpo,
Mas diz não ao aborto!
Porque ela é do bem,
Do bem estar
Do bem deixar os outros bem
Do bem deixar o outro falar, gritar, vociferar, surtar ou gozar!
... Bem a todos que são do bem
E que colham os frutos do que plantar!
Ela não é Maria
Não é Rita
Nem Tereza de Calcutá!
Só é mulher que dá bom dia, boa tarde, boa noite e outras coisas quando quer dar!
Porquê ela não é santa.
Mas também não é profana
Não é Penha, não é Marta, não é Ana
(Ou talvez sejam todas elas)
Quando tem coragem
Para fazer valer a sua vontade
Na hora em que ela quiser
... ou vier,
Seja sabe-se lá de onde
ou pra onde!
Ela também não é poetisa
Nem arauta da verdade
(Sempre repetitiva)
Canta o amor, a sangria, a lida
Mas não se cala
Mesmo quando o inferno fala
Na depressão ou na euforia
Os seus medos, arremedos
O que chama POESIA.
Porque ela não é santa
Também não é profana.