Desejo embriagado
Remeteu-lhe um beijo ébrio
Nas costas flácidas do vento
E ela, timidamente, corou.
Ao ser lambida por aquele beijo
Abafado pelo dia quente
Sua boca trêmula sorriu.
O vento lhe trouxe desgrenhamento
Cabelo na face, olhos apertadinhos
Saia segurada para não despudorar.
Ele, ao longe, todo agitado
Abanava as orelhas queimadas
Na timidez desconcertante, na covardia inteira.
Então ela deitou-se na calmaria
Foi corajosamente amparada pela brisa
Chegando bem perto a querer o ósculo.
Já não se sabia qual deles bebera
Qual deles queria mais a força do vento
Um redemoinho os levou embora, na embriaguez do desejo.