Sessenta e Nove
Nem os lábios respiram no intenso
exílio do som onde se oculta o lirismo da
palavra, pátria salgada entre os complúvios
de nossas línguas de aromas a sexo.
Na ânsia do tesão se fecham e rompem bocas,
daqueles insanos prodígios anelados
do eco, sabor a oralidades esparsas.
Sessenta e Nove!
Por esses soberbos montes, essas
vulcânicas colinas, águas circulantes
borbulhantes no grito da cegueira…
Delírio lasso do encaixe perfeito
na incúria da saciada loucura
das bocas nocturnas.
Doce fragor das salivas quentes que escorrem,
nos cantos agudos das árduas cigarras
que expulsaram as borboletas de nós...
Nos lábios me guardam…
Cio ou sal? Orgasmo ou mito?
Nem os lábios respiram
na eterna efemeridade deste teu corpo,
com luz… desejo… rijo resíduo lácteo…
Disfarce ou máscara?
Sessenta e nove razões para repetir!