O suave toque da poesia (ou não)
Não que ela se faça obrigatoriamente lírica
Pode ser rígida em seu variado gênero,
Mas quando se faz dor
No abalar, no tremer
Em lapsos de medo ou temor.
A poesia – no enredo –
Deve ter ternura e lágrima quente
Ter um certo pudor fluente
Em caso de lírico amor. Indolor.
Mas deve ser livre
Ao se expor na intimidade
Livre, na verdade, de qualquer censura
No caso, a poesia sem razão
Em versos de paixão pura
Inclementes.
Caso seja de extremo furor,
De poesia de amantes,
Há de fazê-la efervescente
De gemidos de interlúdios ardentes
Como o transmutar da areia ao suor
De sol em brasa ao ferro quente
Como uma ária abissal de amor
Mas que seja sempre requintada e candente...
Por mais libertina que for.
O poeta – escravo da palavra –
É aflito viajor na selva que o amarra
Dá, por fim, a poesia lavrada
Pagã, em pecado original
Doce ou leve
Ou duramente bárbara.