O suave toque da poesia (ou não)

Não que ela se faça obrigatoriamente lírica

Pode ser rígida em seu variado gênero,

Mas quando se faz dor

No abalar, no tremer

Em lapsos de medo ou temor.

A poesia – no enredo –

Deve ter ternura e lágrima quente

Ter um certo pudor fluente

Em caso de lírico amor. Indolor.

Mas deve ser livre

Ao se expor na intimidade

Livre, na verdade, de qualquer censura

No caso, a poesia sem razão

Em versos de paixão pura

Inclementes.

Caso seja de extremo furor,

De poesia de amantes,

Há de fazê-la efervescente

De gemidos de interlúdios ardentes

Como o transmutar da areia ao suor

De sol em brasa ao ferro quente

Como uma ária abissal de amor

Mas que seja sempre requintada e candente...

Por mais libertina que for.

O poeta – escravo da palavra –

É aflito viajor na selva que o amarra

Dá, por fim, a poesia lavrada

Pagã, em pecado original

Doce ou leve

Ou duramente bárbara.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 29/07/2021
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