Chego leve,
junto aos primeiros raios de sol.
Roçando suave,
provoco arrepios nos pelos
do seu braço e calafrios na sua nuca.
Venho dos segredos
que só as aves e as árvores conhecem.
Ao nascer do dia,
sou brisa que chega
dos lugares secretos e escuros da noite.
Trago dúvidas
se os sonhos tornar-se-ão reais.
Me junto aos raios tímidos do sol
para abrir a carne dos seus lábios
num sorriso bom.
Na correria do seu dia frenético,
às vezes sou furioso.
Faço coisas que você reprova,
como levantar poeira, carregar folhas secas,
espalhar o fogo.
Gosto de passear pelo seu corpo,
espalhar seu perfume, sublimando-lhe o suor.
Mas o que me deixa alvoroçado
é o poder de desarrumar seus cabelos,
levantar a sua saia, ruborizando as maçãs do seu rosto.
A sensação gostosa de frescor
provoca-lhe gestos involuntários.
Tímida, a carne dos seus lábios se contrai,
percebem-se pequenas e suaves mordidas.
Os olhos sorriem.
Nos encontramos
no fim de uma tarde qualquer.
Cabelos molhados,
vestido florido, batom vermelho.
Pés acolhidos nos bordados de um chinelo.
Abraço as suas pernas, assopro
o seu rosto e você me acolhe...
Assim, discreta,
mas não o suficiente para resistir
ao toque de um ventinho indiscreto...
Friozinho que faz você se apertar, enquanto
fecha os olhos e solta um gritinho gostoso.
Ouve-se uma música...
o seu corpo sinuoso balança...
a carne dos seus lábios se abre num suspiro hortelã.
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