Senhora serpente
(leia enquanto ouve música árabe instrumental)
Percorra, percorra meu corpo
na lentidão do infinito.
Que até o prana mais impessoal
ouça meu gemido.
E meus olhos, que nem mais estão, saibam de ti.
E de tua história e de teu ventre.
Vejo em tuas olheiras as batalhas que travaste
na imensidão de jornadas.
Não conte a ninguém nosso segredo
mais promíscuo e profundo.
As aves que aqui estão faltarão como na primavera.
Em teu carrasco repousarão na imensidão estratosférica,
na cintilação de tua quimera.
Ora veja, se não é o chocalho que mostra a casa de nossa presa, se não é o fulgor de tua vigília que sibila, assovia, que tu és minha.