UMA PINTA NO SEU ROSTO
Gerardo Pardal
Ai dos poetas se não existissem as musas.
O mais gratificante é que elas usam e abusam
Da sua inspiração.
Elas estão aí. Só os poetas as encontram.
E as levam para si.
Para dentro da sua mente criativa
Embelezam-nas com sua imaginativa.
Por mais beleza que elas carreguem
Em seu corpo ou em sua alma,
Os poetas extraem do âmago do seu ser
Detalhes que são mais que um parecer.
Seu sorriso, seu olhar,
Seus jeitos e trejeitos
De falar e de andar.
De dançar, de bailar.
Uma bailarina, feito menina.
Que cai e levanta.
Quebra o pé. Com sua fé no Deus que sara,
Não para de dançar.
PORÉM, a musa que encontrei
Tem um detalhe além de todos os detalhes.
Por mais que eu tivesse infinito bom gosto
Jamais encontraria uma tinta
Para pintar esta pinta que tem no seu rosto.
Por mais que eu fosse um divinal predisposto
Jamais encravaria este sinal em teu rosto.
Para uma pinta sucinta
Em tua tez morena
Toda poesia que suscita
É por demais pequena.
Esta é a musa que encontrei
De charme singular
Que só mesmo o Pintor Universal
Que tem infinito bom gosto
Pinta este sinal no lugar ideal no teu rosto
E assim a faz uma mulher especial.
Fortaleza, 2012